sábado, 22 de maio de 2010

Mãos lavadas em óleo


Em audiência no Senado americano, as empresas envolvidas no vazamento de petróleo no Golfo do México passam a culpa adiante, enquanto mancha avança pelo litoral.

Registro da NASA mostra a extensão do vazamento. © NASA

Dedos em riste apontam uns para os outros, na sequência desastrosa do acidente com a plataforma Deepwater Horizon. Reunidos em audiência no Senado americano com o Comitê de Energia e Recursos Naturais, representantes das empresas BP, concessionária do poço, Transocean, dona da plataforma e Halliburton, contratada para cimentar o buraco, empurraram adiante a responsabilidade pelo vazamento.

A BP questiona a Transocean sobre o porquê do equipamento de prevenção de explosões não ter funcionado. A Transocean, por sua vez, garante que a culpa só pode ser da Halliburton, uma vez que a explosão aconteceu depois do poço já ter sido perfurado e cimentado. Em sua defesa, a Halliburton garante que a colocação do cimento foi feita de acordo com o pedido pela Transocean e que, no fim das contas, o erro é do planejamento da plataforma.

Nenhum dos executivos das empresas soube precisar o que vinha sendo feito em termos de pesquisa e desenvolvimento para maior segurança contra vazamentos. E, quando perguntados por que nunca haviam realizado testes com torres de contenção submarinas, que poderiam ter evitado o vazamento, argumentaram que este tipo de acidente sempre aconteceu na superfície.

Lamar McKay, presidente da BP, garantiu que todos os gastos ‘legítimos’ serão pagos, mas não deixou claro o que entende por legítimos. McKay disse ainda que um acidente desta proporção seria “extremamente difícil de prever” e que a empresa havia aprendido com esta lição. Indignado, um dos senadores presentes, Bob Menendez, resumiu a querela: “Não é necessário ser tão inteligente para concluir que não existe nada que seja tão seguro que não possa vazar”, disse.

O jornal The New York Times fez a cobertura da audiência.

O brasileiro André Muggiati, da equipe do Greenpeace, está na Louisiana e vem acompanhando o processo de limpeza da costa e os bastidores da mancha. Em seu primeiro relato, Muggiati contra sobre sua expedição de barco, quando foi surpreendido por funcionários da BP que impediram a equipe e os jornalistas de fazer imagens.

Acompanhado de Rick Steiner, especialista que trabalhou no vazamento da plataforma Exxon Valdez há 20 anos, André registrou a chegada do óleo nos mangues do delta do Rio Mississipi. A previsão é de que muito mais óleo ainda venha a alcançar a região, com danos irreversíveis para a fauna e flora.

No segundo dia, as primeiras mortes de animais marinhos e uma reunião a portas fechadas com representantes da agência de proteção ambiental. Leia aqui.

A imagem abaixo, retirada do programa Google Earth, simula a extensão da mancha de óleo se o vazamento tivesse ocorrido em mares brasileiros. Vemos que o óleo cobriria boa parte do litoral paulista e todo a Grande São Paulo. Através do site, é possível escolher qualquer cidade do mundo e realizar a simulação.



Veja o que já foi publicado em nosso site:

Dano incalculável

Desastre para ficar na história

A mancha negra

E em nosso blog:

As mudanças que nada mudam

Lucros, falta de transparência e muito óleo

O óleo avança

Mais um dia no Golfo

É hora de tampar o buraco